Foi algures nesta varanda, onde se veem camas com doentes, que meu pai passou algum tempo de sua juventude.
Não sei se o iodo que impregnava este local e que lhe foi aconselhado pelo seu médico de Lisboa para minorar os seus males ósseos, lhe fez efeito, mas a verdade é que se alguém tem de agradecer a esse abençoado médico, sou eu e minhas irmãs.
Não fora essa estadia por aqui e o meu "velhote" jamais teria conhecido aquela Maria, minhota de raça que se deixou encantar pelos dotes do Joaquim, ribatejano bem parecido. O seu namorico tornou-se namoro e de tal maneira que a Maria acabou por casar com o Joaquim e cá estamos nós para disso dar testemunho vivo.
O Joaquim e a Maria, estão hoje em local bem mais recatado e mais calmo, de mãos dadas como me lembro deles, esperando pelo dia em que todos nos voltemos a reencontrar.
Sabe bem recordar! Sabe bem imaginar tal namoro!
De quando em vez dou uma saltada até ao Sanatório da Gelfa e mesmo estando este renovado e alterado na sua estética frontal, deixo-me levar por pensamentos, fecho os olhos e parece-me ver naquela varanda, deitado, acenando para a sua Maria, que por perto pastava as vacas da casa de seu tio, o Joaquim. Os meus pais.
Fica aqui essa lembrança e se for verdade que tudo veem do sítio onde estão, lancem um olhar sobre esta foto e recordem, recorda a tua Maria e recordem-se de nós que vos amamos muito e andamos cheios de saudades.